Brasileiros estão pedindo demissão com mais frequência. Por que isso acontece?

Desde 2021, há um aumento no número de pedidos de demissão no Brasil. Um levantamento da LCA Consultores, com base nos dados mais recentes do Ministério do Trabalho e Emprego, mostra que o número de brasileiros que decidiram pedir demissão em abril de 2024 foi o mais alto registrado em mais de 20 anos: 734,9 mil pessoas.

Em 2019, cerca de 3,6 milhões de brasileiros pediram demissão. Quatro anos depois, esse número mais do que dobrou, chegando a 7,3 milhões de pedidos de demissão.

Dentre os fatores que contribuem para esta tendência, estão o bom momento da economia, a busca por maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional no pós-pandemia, uma mudança de comportamento entre profissionais mais jovens e a vontade de ter o próprio negócio.

Os fatores que contribuem para o aumento dos pedidos de demissão

Em relação à economia, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, em 2023, o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 2,9% frente a 2022. Já a pandemia levou muitas pessoas ao modelo remoto, o que fez grande parte delas refletir a respeito da forma de trabalho proposto pelas empresas onde atuavam. A necessidade de voltar ao presencial levou muitos colaboradores a pedir demissão, em busca de um modelo mais flexível.

A transição geracional é outro fator muito relevante para o aumento no número de pedidos de demissão no Brasil. Os mais jovens tendem a dar grande valor ao equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, bem como à flexibilidade de horários e aos empregos alinhados com os seus princípios. As novas gerações não enxergam o pedido de demissão como falta de comprometimento, algo que era mais comum antigamente.

Há, ainda, o fator do aumento do empreendedorismo. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que o número de empresas abertas anualmente mais do que dobrou na última década, passando de 1,89 milhão em 2014 para 3,87 milhões em 2023. Isso é impulsionado por uma explosão do número de microempreendedores individuais (MEIs).

A quantidade de pessoas que trabalham como pequenos empresários de forma individual mais do que triplicou no Brasil desde 2014, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Quem pede demissão também tem direitos

No Brasil, a legislação trabalhista prevê alguns direitos ao trabalhador que pede demissão:

– direito ao saldo salarial;

– décimo terceiro salário proporcional;

– férias vencidas (se tiver) e férias proporcionais, ambas acrescidas de 1/3.

Ainda, segundo a legislação, no Brasil, o empregado pode pedir demissão de duas formas:

Pedido de demissão tradicional: o trabalhador comunica à empresa o seu desligamento. Nesse caso, o empregado deverá conceder o aviso prévio ao empregador, que poderá ser trabalhado, ou seja, o empregado comunica o empregador que em 30 dias rescindirá o contrato de trabalho. O trabalhador também pode optar por não cumprir o período referente ao aviso-prévio, desligando-se imediatamente da empresa. Assim, a ausência de cumprimento do aviso prévio dá ao empregador o direito de deduzir o valor correspondente ao aviso prévio em suas verbas rescisórias.

Pedido de demissão por mútuo acordo:

nesta modalidade, o trabalhador receberá saldo salarial; décimo terceiro salário proporcional; férias vencidas (se tiver) e férias proporcionais, ambas acrescidas de 1/3, metade do valor correspondente a aviso prévio; multa de 20% sobre os depósitos do FGTS, direito de saque de 80% dos depósitos do FGTS. Porém, o trabalhador não tem direito ao seguro-desemprego nesta modalidade de rescisão contratual.

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