O que é Rage Applying e como ele tem impactado o mercado de trabalho

Um dos aspectos que têm chamado a atenção no mercado de trabalho brasileiro é o alto volume de demissões voluntárias. Um fator que contribui para essa tendência é a menor paciência dos mais jovens no que consideram funções burocráticas que não causam motivação.

O cenário tem muito a ver com um recente conceito intitulado “Rage Applying”, termo que surgiu em 2023 e ganhou força desde então. Trata-se do ato de procurar um outro emprego “só de raiva”, algo que tem sido feito por muitos jovens da geração Z. O Rage Applying vem na esteira de outros dois termos que refletem o comportamento dessa geração no mercado de trabalho: “Lazy Job” e “Quiet Ambition”. Os dois têm a ver com a pouca vontade de crescer na carreira com a rejeição a promoções em nome do bem-estar.

Por que alguém recorreria ao “Rage Applying”?

Buscar novas oportunidades enquanto se está empregado não é algo novo, mas isso se tornou mais forte à medida que cresce a insatisfação dos mais jovens em seus cargos atuais.

Segundo a agência Robert Walters, mais de 60% dos funcionários em Portugal fizeram “Rage Applying” em 2023. Nos Estados Unidos, 90% dos trabalhadores afirmam praticar o “Rage Applying, segundo estudo da Bold. Quase metade (47%) considera deixar o emprego toda a semana. A principal razão (88%) apontada é o esgotamento.

No Brasil, um levantamento da FGV-Ibre aponta que os pedidos de demissão têm como principal razão a admissão em outros postos de trabalho formais com melhores oportunidades e migração para trabalhos com jornadas mais flexíveis.

Os desafios para a área de recursos humanos

Gestores de pessoas nas grandes empresas têm como grande desafio lidar com as emoções dos trabalhadores. O caldeirão de emoções a que estamos expostos está cada vez mais cheio, por isso é natural que as pessoas fiquem mais à flor da pele no ambiente profissional.

Empatia e compreensão têm sido determinantes para reverter o quadro nas empresas e engajar os mais jovens. No Brasil, 77% dos trabalhadores brasileiros se afirmam não engajados, segundo estudo da Gallup de 2023.

A Patagônia, marca norte-americana de roupas para atividades ao ar livre, é um exemplo de baixo turnover. Uma das razões para isso é a flexibilidade, com 15 opções diferentes de expedientes para as equipes dos armazéns. Às mulheres, é oferecida creche no local de trabalho e políticas para pagamento de despesas da mãe, do bebê e de uma babá.

No Brasil, a Nestlé criou o “#MenteEmFoco”, um projeto que busca trazer a saúde mental para a pauta de decisões, com suporte e acolhimento aos funcionários.

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