Uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte avaliou as condições de trabalho para mulheres. A pesquisa da Deloitte ouviu 5 mil mulheres em 10 países, 500 delas no Brasil, para mensurar a igualdade de gênero no mundo corporativo. As entrevistadas brasileiras possuem entre 18 e 64 anos, e 43% delas não ocupam cargos gerenciais.
O estudo aponta dados alarmantes a respeito da realidade do Brasil: 49% das mulheres brasileiras estão preocupadas com a própria segurança no trabalho, durante o trajeto ou em viagens profissionais. Assédio, agressões e perda de direitos estão entre os pontos considerados mais graves pelas brasileiras.
A pesquisa aponta que 24% das mulheres dizem ter sofrido assédio durante o atendimento a clientes ou consumidores. Outras 13% relataram assédio de colegas de trabalho, e mais 13% descreveram assédios em viagens a trabalho. O assédio sexual foi relatado por 40% das brasileiras. Desse grupo, 60% afirmaram que não reportaram o ocorrido.
Microagressões são uma questão cada vez mais relevante
Assédio moral e assédio sexual são problemas bastante conhecidos por diferentes setores. Além dos números preocupantes a respeito deles, é importante destacar também o crescimento das microagressões dos homens em relação às mulheres, relatadas por 35% das entrevistadas.
Veja alguns tipos de microagressões:
Bropropriating: ocorre quando o homem se apropria da ideia de uma mulher, sem dar devido mérito a ela;
Gaslighting: é um abuso psicológico que faz com que a mulher se sinta equivocada, levando-a a questionar suas habilidades como sanidade, raciocínio e memória;
Mansplaining: situação na qual o homem interrompe a mulher para explicar algo, presumindo que ela tenha dificuldades de entendimento;
Manterrupting: interrupção frequente por parte do homem durante a fala de uma mulher, dificultando ou impedindo que ela termine sua frase;
Micromachismo: comportamentos de submissão das mulheres profundamente enraizados e aceitos pela sociedade, resultando em ações que muitas vezes passam despercebidas, como um garçom que tende a apresentar a conta mais frequentemente aos homens.
Subnotificação e saúde mental são pontos de atenção
Muitas vezes, mulheres que sofrem situações de assédio decidem não fazer denúncias formais. Há diferentes razões para isso, entre as quais o medo de não serem levadas a sério e o receio de que a denúncia possa comprometer a sequência das suas carreiras.
Além da subnotificação dos casos de assédio, a pesquisa revela que as brasileiras estão mais estressadas do que há um ano: 53% disseram que o nível de estresse está mais elevado, número maior que a média global (50%). Apenas 28% delas informaram obter apoio psicológico adequado de seus empregadores e 22% se dizem menos propensas a falar sobre a própria saúde mental no local de trabalho. As médias globais são bem maiores: 43% e 33% para cada quesito.